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sábado, 10 de julho de 2010

ESCAPE DAS PEGADINHAS NAS EMBALAGENS

Rótulos delatam pegadinhas nas embalagens

Quem sabe interpretar os dados nutricionais favorece a saúde e a dieta

Por Minha Vida
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou em 29 de Junho de 2010 uma resolução que obriga as propagandas de alimentos que contenham quantidades elevadas de açúcar, sódio, gordura saturada ou gordura trans e de bebidas de baixo teor nutricional, como refrigerantes, venham acompanhados de mensagens alertando para os riscos à saúde em caso de consumo excessivo.

O regulamento tem o objetivo de coibir práticas excessivas que levem o público a padrões de consumo incompatíveis com a saúde e que violem o direito à alimentação adequada. As empresas terão 180 dias para se adequar à resolução que estabelece que, a partir de agora, as mensagens publicitárias devem ser acompanhadas de alertas sobre os perigos do consumo excessivo de nutrientes prejudiciais.

Isso significa que quando você olhar uma mensagem publicitária de um alimento, nos novos padrões, ela trará: "O (nome/marca comercial do alimento) contém muita gordura saturada e, se consumido em grande quantidade, aumenta o risco de diabetes e doenças do coração" ou ainda: "O (nome/marca comercial do alimento) contém muito açúcar e, se consumido em grande quantidade, aumenta o risco de obesidade e de cárie dentária". Esta medida vale também para os refrigerantes, refrescos artificiais, bebidas com cafeína e taurina ou qualquer substância que atue como estimulante no sistema nervoso.

Os rótulos são os mais importantes
A resolução só será válida para peças publicitárias dos alimentos, não se aplicando aos rótulos. Porém, antes de comprar qualquer alimento, verificar as informações nutricionais disponibilizadas nos rótulos alimentícios é sempre aconselhável. Só assim, você fica realmente a par não só das calorias que vai ingerir como também dos nutrientes que fazem parte do alimento escolhido. Algumas confusões na hora de lê-los, no entanto, podem atrapalhar o equilíbrio da sua alimentação.

Os enganos normalmente acontecem quando você lança mão de algum produto pensando ser benéfico para um objetivo que ele não é capaz de atender. Para não correr o risco de comprar gato por lebre, o MinhaVida montou uma lista das confusões comuns na interpretação de estampas mais usadas nos alimentos.

Sem gordura trans
De acordo com a Anvisa, alimentos que apresentam até 0,2 gramas de gordura trans não precisam declarar a quantidade da gordura, podendo ser expressa como zero ou não contém gordura trans , explica a especialista sobre as informações comumente encontrada nos rótulos.

Porém, o que você deve verificar é se, entre os ingredientes, existe gordura vegetal hidrogenada. "Quando há esse ingrediente, o alimento apresenta gordura trans, mesmo não sendo declarado", explica a nutricionista Roberta Stella. Além disso, ela lembra que, como a porcentagem de valor diário de gorduras trans não é estabelecida, os rótulos não indicam nenhum valor de consumo. O conselho da nutricionista é ter em mente que a quantidade da gordura não deve ser superior a 2 gramas diários.
Sem colesterol
Passeando pelas prateleiras dos supermercados, é fácil encontrar óleos de origem vegetal com a informação de que são isentos de colesterol. Segundo Roberta, dizer que os óleos vegetais são livres de colesterol, é o mesmo que dizer que a chuva é molhada, já que o colesterol só é encontrado em alimentos de origem animal.

"Quando o rótulo de certo produto indica que ele é livre de colesterol não necessariamente ele é melhor que outro com a mesma composição. Um óleo vegetal que estampa sem colesterol em sua embalagem não se difere de outro óleo vegetal que não apresenta este tipo de comunicação" , exemplifica. O raciocínio, lembra ela, também vale para os cremes vegetais.
Diet
Relacionar alimentos diet com alimentos de baixas calorias é a confusão mais freqüente com esta estampa nos rótulos. A nutricionista do portal MinhaVida esclarece que os alimentos diet são aqueles que sofrem modificações na composição de nutrientes para atender uma condição específica. Produtos com restrição de carboidratos, por exemplo, atendem aos diabéticos. Aqueles com restrição de sódio são indicados aos hipertensos .

Para que o alimento seja considerado diet, a quantidade de determinado nutriente deve estar presente em valores não significativos, ou ainda, nulos. Mas isso não significa que o alimento apresente, necessariamente, uma redução de calorias. Um bom exemplo é o chocolate diet, que possui a mesma quantidade de calorias da sua versão tradicional.

Zero
"Os produtos zero não possuem muita diferença quando comparados aos produtos diet, ou seja, há uma isenção em algum dos seus componentes nutricionais, que podem ser açúcar, sal, proteínas ou gorduras", explica a nutricionista Paula Cristina da Costa, do centro de diabetes da Unifesp. O ideal é sempre dar uma boa olhada no rótulo para descobrir a que redução ele se refere. Muitas vezes, o lançamento de um produto zero pode ser mais jogada comercial do que efetivamente uma inovação.

É preciso ter muito cuidado tanto com os produtos "zero" como com os diet para não levar "gato por lebre". Esses produtos são mais eficientes para pessoas com restrições alimentares, principalmente relacionadas ao açúcar. Porém, a substituição de adoçante no lugar do açúcar pode ser prejudicial caso o consumo não seja moderado. A nutricionista explica que a sacarina e o ciclamato, tipos de adoçantes usados, contém muito sódio na composição, por isso, pessoas com problemas de hipertensão deve consumir com moderação.
Light
O termo light é empregado em alimentos que apresentem uma redução mínima de 25% em calorias ou em algum nutriente, comparando com sua versão original. A diferença entre os alimentos light e diet é que os primeiros não são formulados para atender uma condição específica, como é o caso dos produtos diet. Entretanto, "um alimento diet que tem uma redução mínima de 25% nas calorias também pode ser considerado light. Isso explica porque os alimentos anteriormente classificados como diet são, hoje em dia, descritos como light" , fala a nutricionista sobre pães e refrigerantes encontrados no mercado.

Outra diferença entre light e diet é que os alimentos light costumam apresentar uma tabela comparativa com o alimento base. Na tabela, é possível descobrir em qual característica nutricional do alimento foi feita a redução. "O que deve ficar claro é que nenhum dos dois tipos de alimento (light e diet) tem sempre o valor calórico reduzido" , alerta Roberta. Ainda de acordo com ela, analisar estas diferenças nos rótulos é fundamental para que a comunicação dos alimentos não se torne uma armadilha.
Fonte ou rico em vitaminas?
Para atingir a quantidade diária de nutrientes recomendados, vale optar por alimentos que são fontes deles? Ou será que a melhor alternativa é escolher aqueles que são ricos no nutriente que você procura? Realmente existe diferença entre as duas especificações das embalagens. "Quando você lê que o produto é fonte de vitaminas e minerais, por exemplo, não significa que ele é rico em tais nutrientes", ressalta a especialista.

A explicação é: para que o alimento seja classificado como fonte, ele precisa conter, no mínimo, 7,5% do valor diário (%VD) para alimentos líquidos e 15% do valor diário para alimentos sólidos. "Agora, para serem classificados como ricos, eles precisam ter o dobro da porcentagem indicada para ser fonte. Ou seja, um valor mínimo de 15% do valor diário para líquidos e 30% para os sólidos" , ensina Roberta.

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